Comecemos pela terra e as suas gentes.
Parte I – Abu Dhabi, a terra do trolha.
Nunca estive num sítio onde os estereótipos se confirmassem com tanta regularidade.
Com apenas 20% de população local, abu Dhabi é uma terra estranha, sem história nem grandes locais de interesse. É verdade que o trabalho e o calor não convidavam a grandes excursões, mas também pouco havia para ver. Turismo fiz pouco, só mesmo uma visita rápida à maior mesquita do mundo árabe, impressionante por fora e ultra pirosa por dentro.
A cidade está toda em obras, com arranha-céus a nascerem diariamente O horizonte está coberto de andaimes e guindastes e as obras nesta altura altura do ano prolongam-se noite dentro (diziam eles que no resto do ano faz muito calor e só dá para trabalhar à noite). As obras andam a um ritmo impressionante, dando mesmo para reconhecer diferenças no curto período que por lá passei.
No meio dos poucos árabes que por lá deambulavam, uns vestidos a rigor outros mais americanos que o ronald macdonal, havia uma multidão de asiáticos. Tailandeses, nepaleses, indianos, malaios e indonésios às resmas. A maioria são trabalhadores precários da construção civil. Dia e noite avistam-se carrinhas cheias destes gajos a interligar as diferentes obras num ciclo de trabalho que parece ser interminável. Na hora da reza os relvados entre as grandes avenidas enchiam-se desta gente. Enquanto os muçulmanos rezavam os hindus lutavam pela pouca sombra disponível
Isto já para não falar nos “Expats” ingleses e alemães, que, segundo constam as más línguas, andam a fugir em grandes grupos do Dubai. Parece que aquilo está mesmo mau.
Isto é,de locais conheci apenas um, durante uns breves minutos, e tinha um sotaque tão americano que não deu qualquer espaço para sentir seja o que for.
No hotel, de salientar só meia dúzia de cowboys texanos, seguramente presentes para fechar qualquer negócio milionário, isto a julgar pelo sorriso de orelha a orelha que passeavam nas trombas.
Obviamente que no festival só estava a creme de la creme dos locais, todos gordos, embrulhados em lençóis que ficavam presos à saída dos seus maseratis, lamborguinis e ferraris. As gajas eram boas como o milho, todas produzidas e cobertas de ouro e diamantes, literalmente. No shoping, que eles orgulhosamente apelidam de Marina Mall, lá se vão avistando umas mais cobertas, mas na maioria bastante desnudadas. Segundos os árabes presentes na minha workshop a policia moral do emirados resigna-se a bloquear o facebook de vez em quando e pouco mais. A julgar pela promiscuidade das festas, noites nas discotecas e praias do hilton não será assim tão longe da realidade.
O calor era de morrer e a humidade ainda pior. Sempre que saia à rua esbarrava contra uma parede de água e calor intenso. 40 Graus durante o dia e 30 à noite. Dentro, sempre um frio de rachar com o ar condicionado a bulir a todo o gás. Resultado, no final do fesrtival andava tudo bastante renhoso com montanhas de lenços a montoarem-se nos poucos caixotes do lixo.
Acabo, ainda estou meio abananado da viagem, a falar no Emirates Palace, o edifício mais imponente da cidade e a central do festival. Como podem ver nas imagens o palacio é ultra luxuoso, uma coisa verdadeiramente incrível. Ouro por todo o lado. Até as escadas rolantes são douradas. Enfim, mais parecia o Vaticano do que outra coisa qualquer. De tudo o mais interessante era esta máquina que podem ver na fotografia. Se porventura alguém pensasse que faltava um bocadinho de ouro para abrilhantar o momento bastava inserir uns quantos milhares na caixinha e de lá saía uma barra de ouro verdadeira. Nunca vi nem ouvi falar de tal coisa.
Enfim, o festival foi bem mais interessante, mas isso fica para amanhã.
Digamos que o mais culturalmente interessante foram as conversas com os elementos da minha workshop. Sai dos EAU a conhecer melhor as gentes e costumes da Siria e Egipto, que fica também para amanhã, do que abu dhabi. Isso, por si só, diz tudo.